quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Presidente da IEA comenta desafios da entidade na área de ergonomia

Data: 04/11/2013 / Fonte: Revista Proteção

Após um trabalho contínuo de mais de quatro décadas, o ergonomista Eric Wang foi escolhido em 2012 para ocupar a presidência da tradicional entidade de ergonomia IEA (International Ergonomics Association).

Durante sua carreira, Wang conta que aliou os conhecimentos teóricos de um professor - e atual coordenador da área de Fatores Humanos e Ergonomia no Programa do Departamento de Engenharia Industrial da Universidade Nacional de Tsing Hua, em Hsinchu, Taiwan - a exemplos práticos acompanhados por meio de suas pesquisas.

Muitos destes estudos são relacionados ao ambiente de trabalho, o que lhe rendeu uma visão diferenciada da relação entre Ergonomia e Saúde e Segurança do Trabalho. De forma simples e dinâmica, o pesquisador contou um pouco de sua trajetória na IEA e compartilhou esta visão em entrevista concedida à repórter Priscilla Nery Rocha durante a realização da Jornada Abergo 2013, evento que ocorreu paralelamente à Expo Proteção em São Paulo.

Como surgiu seu interesse por Ergonomia?
Comecei a trabalhar com Ergonomia em 1997. Desde então, tenho desenvolvido projetos ergonômicos para diversas áreas. No início, atuava bastante na interface entre computadores e o ambiente ocupacional. Em seguida, tive a oportunidade de desenvolver pesquisas na área de Ergonomia e segurança no segmento de aviação.

Trabalhei avaliando os riscos ergonômicos e de segurança no controle de trafego aéreo devido a erros de origem organizacional, principalmente devido à pressão da chefia, erros de comunicação e sobrecarga cognitiva exigida nas tarefas com predomínio de sistemas complexos de informações. Desenvolvi pesquisas neste meio nos últimos 10 anos. Meu trabalho mais atual é com segurança de pacientes em ambiente hospitalar.

De que forma o senhor desenvolveu cada um destes trabalhos?
Falando sobre a área de computação, logo no começo, desenvolvemos um grande banco de dados sobre Antropometria [ciência que observa medidas corporais e de instrumentos de trabalho, a fim de viabilizar mais conforto ao trabalhador, além de prevenir doenças], ou seja, dados da população de Taiwan em relação às medidas antropométricas.

Este banco de dados é útil até hoje, pois contém informações sobre a relação entre pessoas e tecnologia. O que muda é o tipo de tecnologia. Antes, as pessoas utilizavam desktops, em seguida notebooks, Ipads, etc. Estudamos sobre como tornar esta interface mais ergonômica, como deixar a relação entre pessoas e computadores mais simples, livre de incômodos.

Como adaptar esta tecnologia da melhor forma às necessidades humanas, sem comprometer a saúde e a qualidade de vida. Já na área de segurança do paciente em ambiente hospitalar, segundo estatísticas, há vários tipos de erros que podem comprometer as condições de trabalho e o bom relacionamento.

Não são erros que ocorrem durante o atendimento médico, e sim erros de gestão, durante a marcação de consultas, exames e cirurgias, na estocagem de medicamentos. Ou seja, toda essa logística de segurança que envolve as questões hospitalares. Atuo nesta área.

Como ocorreu seu ingresso na International Ergonomics Association?
Esta é uma história longa. Atuava na Associação de Ergonomistas em Taiwan anos atrás, e incentivei que a associação local fizesse parte da IEA. Em 2001, fui presidente desta associação em Taiwan. Na última gestão da IEA, anterior a 2012, fui eleito secretário geral da entidade. Então, ano passado, durante o Congresso da IEA em Recife/PE, fui eleito presidente. Portanto, o Brasil tem grande importância para mim, marcou um momento importante da minha trajetória.

Geralmente, os presidentes da IEA são americanos ou europeus. Para o senhor, é importante representar outra nação nesta posição?
Sim, com certeza. Sou o primeiro presidente da IEA vindo do povo chinês. Acredito que seja o segundo representante da Ásia. O primeiro foi um professor japonês, eleito em 1982. Ou seja, precisamos de 30 anos para termos um novo presidente de origem asiática. A IEA tem mais de 50 anos. Espero que, no futuro, possamos reduzir este intervalo e eleger mais representantes de outros continentes, como da própria Ásia e América do Sul.

A entidade desenvolve atividades no Brasil?
Atualmente, nossa representante no Brasil é a Abergo. Como presidente da IEA, convido pessoas para trabalharem comigo. Um destes convidados é o presidente da Abergo, José Orlando Gomes. Ele está assumindo o Conselho de Educação e Certificação, fazendo esta ponte entre a IEA e o Brasil.

Acredito que esta aproximação entre a entidade e os ergonomistas brasileiros, com José Orlando ocupando esta posição, é importante para todos. Vamos trabalhar juntos para desenvolver ferramentas que contribuam para a melhor formação de nossos profissionais. Educação é a base para a promoção da Ergonomia e ambientes saudáveis.

A Abergo tem um papel importante no desenvolvimento da Ergonomia na América Latina. Outra expectativa nossa é que a experiência brasileira sirva de parâmetro para outros países como a África, por exemplo. Queremos realizar um trabalho de divulgação e aproximação com aqueles países do continente africano, pois apenas duas nações africanas desenvolvem algum trabalho com Ergonomia. Este é um grande desafio para a Abergo.

Entrevista à jornalista Priscilla Nery Rocha.
Confira a entrevista completa na edição de novembro da Revista Proteção.

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